«Embora soubesse que ninguém a ouviria, ainda tentou pedir ajuda. — Socorro! Mas uma pancada na nuca fê-la perder os sentidos. Só bastante tempo depois recuperou a consciência. Primeiro abriu os olhos e não viu nada. Estava escuro como breu! Quis mexer-se mas o corpo não lhe obedecia. Enregelada até aos ossos, tinha os pés dormentes e uma dor de cabeça horrível. — Luísa! — chamou baixinho. — Hum... Ao seu lado, um vulto movia-se com evidente dificuldade. — Luísa! És tu? — Hã... Sim... onde é que estamos? — Não sei. Tremendo como varas verdes, as gémeas aproximaram-se uma da outra de gatas. E só nessa altura se deram contam do cheiro esquisito e intenso que empestava o ar. — Cheira a estrume! Bá! Que enjoo! — Deitaram-nos num monte de palha! — Que diabo será isto? Um celeiro? — Parece-me mais uma vacaria! Um mugido veio confirmar o que Teresa dissera. "Mûû!" — Vês... — Schut! Cala-te! Vem aí alguém.»
(in Uma Aventura no Carnaval, p. 64)
Sem comentários:
Enviar um comentário